Há muitos tipos de solidão para os que sofrem de
inadequação à realidade e não conseguem conviver com
pessoas. Porém, só a solidão como um chamado interior
ao recolhimento dá a chance de expandir a consciência
no silêncio, pacificado pelas vibrações de um coração
tranqüilo. Entrar nesta solitude é estar só em harmonia
consigo mesmo, com nossos semelhantes e o mundo,
aprendendo que tudo passa na estrada da vida.
A solidão está entre as mais duras provas da alma humana. É passível de diferentes interpretações, pode aniquilar ou conduzir ao autodesenvolvimento, costuma enganar com sofisticados disfarces e sorrir ironicamente de si mesma. É assustadora para uns, nem chega a entrar no vocabulário de outros ou acaba virando um estranho troféu àqueles que a adotaram como modo de vida. Em muitas coisas ela se transforma, muitos sonhos e dotes são por ela embalados, mas seja organizando ou celebrando em sua companhia, sempre temos o desejo de derrotá-la e riscá-la definitivamente do nosso caminho.
Muito se fala da fatalidade da solidão, do isolamento e do individualismo da sociedade moderna. Estes são sintomas do nosso convívio social, cada vez mais excludente, fragmentado, imprevisível, doentio. No culto narcisista à personalidade, até a liberdade de escolher a própria solidão vira sinônimo de independência, de acesso privilegiado. Aqui vemos a sua face arrogante – porém, acredito, não menos ressentida.
Ao me aprofundar mais e mais no estudo sobre o assunto me facilitou conhecer e respeitar muitos gêneros de solitários, almas anti-sociais por diferentes motivos. Os caminhos da vida são tantos e tão imprevisíveis que não se deve pretender compreendê-los através de uma única forma de pensar. Ao afirmar “o inferno são os outros”, o filósofo existencialista Sartre certamente expressou um grande desabafo angustiado da população de solitários sem esperança nas perspectivas do homem atual. Mas esse é apenas um ponto de vista.
Acredito que o impulso da alma tende à realização do encontro humano. E, se assim não fosse, nós não teríamos nascido da união de duas pessoas (excluindo-se os casos especiais de fecundação sem contato sexual). A necessidade de saber conviver, portanto, está nas entranhas da nossa espécie, é algo fundamental na bagagem das nossas aprendizagens no superpopuloso planeta Terra.
Deixando a multidão de lamentosos de lado, é preciso estar conectado com a força do espírito para ir percebendo as lições representadas pelos impedimentos e responsabilidades que sobrevêm em nossa vida particular. Notemos que as ocorrências externas costumam acompanhar as transformações internas – da psique – das pessoas, como se uma força inconsciente conduzisse a misteriosa atração das experiências adquiridas pelo seu desenvolvimento. Meditar sobre tais relações é um excelente exercício de autoconhecimento, é uma das dádivas ofertadas pela soledade.
Os impedimentos encontrados ao longo da existência dizem muito da aprendizagem individual de quem os colhe. Embora o imediatismo do ser humano dificulte vê-los sob outro ângulo, eles são valiosos aliados em nossa tarefa de aprimorar a autodisciplina e a prudência, estas virtudes essenciais à manifestação do nosso “eu” verdadeiro.
Na compulsão de querer o máximo em tudo que deseja, o homem se condena à insatisfação, ao sofrimento, vive numa tensão constante. E aí a existência se encarrega de encaminhá-lo à aprendizagem dos seus limites. A sua solidão, antes oculta pelas distorções da sua auto-imagem, ganha proporções assustadoras. É a dor cumprindo o seu papel de mestra antiga.
Tenho encontrado pessoas cuja sensibilidade e poder de reflexão enredaram-nas num estado de inadequação à realidade comum. Mostraram-se solitárias e, muitas vezes, amargam um isolamento interior característico de uma mente mais ocupada com pensamentos negativos, com fatos que lhes comprovam que “antes as coisas eram ruins, depois foram piorando”.
Para esses pessimistas, gosto de lembrar que a mente.... mente, engana, trai. Que adora reinar em cabeças solitárias que rejeitam a convivência, na ilusão de guiarem personalidades especiais, muito acima do anonimato social.
Ao ver que tudo na natureza está inter-relacionado, e que é justamente esta interdependência que assegura os ciclos da vida, concluo que a solidão mais parece uma grande invenção do ser humano, dividido entre a razão e a intuição, a mente e o corpo, a ciência e a fé, o céu e a terra, o ódio e o amor...
Mas se somos solidários porque, no fundo, somos solitários, então já é tempo de trocarmos a solidão pela solicitude. E preenchermos o vazio do isolamento com o nobre gesto de ser solícito, ofertando ao próximo atenção, boa vontade, dedicação, gentileza. Quem sabe, pelo menos assim deverá sobrar menos tempo para ser solitário.
Receba um abraço fraterno deste peregrino-aprendiz, cujo estado de soledade, faz-me visualizar a plenitude do Amor... . Pois que, o deus que habita em mim, saúda o deus que habita em você... agora sei, porque te amo... .
NAMASTÊ!
Adonai.
inadequação à realidade e não conseguem conviver com
pessoas. Porém, só a solidão como um chamado interior
ao recolhimento dá a chance de expandir a consciência
no silêncio, pacificado pelas vibrações de um coração
tranqüilo. Entrar nesta solitude é estar só em harmonia
consigo mesmo, com nossos semelhantes e o mundo,
aprendendo que tudo passa na estrada da vida.
A solidão está entre as mais duras provas da alma humana. É passível de diferentes interpretações, pode aniquilar ou conduzir ao autodesenvolvimento, costuma enganar com sofisticados disfarces e sorrir ironicamente de si mesma. É assustadora para uns, nem chega a entrar no vocabulário de outros ou acaba virando um estranho troféu àqueles que a adotaram como modo de vida. Em muitas coisas ela se transforma, muitos sonhos e dotes são por ela embalados, mas seja organizando ou celebrando em sua companhia, sempre temos o desejo de derrotá-la e riscá-la definitivamente do nosso caminho.
Muito se fala da fatalidade da solidão, do isolamento e do individualismo da sociedade moderna. Estes são sintomas do nosso convívio social, cada vez mais excludente, fragmentado, imprevisível, doentio. No culto narcisista à personalidade, até a liberdade de escolher a própria solidão vira sinônimo de independência, de acesso privilegiado. Aqui vemos a sua face arrogante – porém, acredito, não menos ressentida.
Ao me aprofundar mais e mais no estudo sobre o assunto me facilitou conhecer e respeitar muitos gêneros de solitários, almas anti-sociais por diferentes motivos. Os caminhos da vida são tantos e tão imprevisíveis que não se deve pretender compreendê-los através de uma única forma de pensar. Ao afirmar “o inferno são os outros”, o filósofo existencialista Sartre certamente expressou um grande desabafo angustiado da população de solitários sem esperança nas perspectivas do homem atual. Mas esse é apenas um ponto de vista.
Acredito que o impulso da alma tende à realização do encontro humano. E, se assim não fosse, nós não teríamos nascido da união de duas pessoas (excluindo-se os casos especiais de fecundação sem contato sexual). A necessidade de saber conviver, portanto, está nas entranhas da nossa espécie, é algo fundamental na bagagem das nossas aprendizagens no superpopuloso planeta Terra.
Deixando a multidão de lamentosos de lado, é preciso estar conectado com a força do espírito para ir percebendo as lições representadas pelos impedimentos e responsabilidades que sobrevêm em nossa vida particular. Notemos que as ocorrências externas costumam acompanhar as transformações internas – da psique – das pessoas, como se uma força inconsciente conduzisse a misteriosa atração das experiências adquiridas pelo seu desenvolvimento. Meditar sobre tais relações é um excelente exercício de autoconhecimento, é uma das dádivas ofertadas pela soledade.
Os impedimentos encontrados ao longo da existência dizem muito da aprendizagem individual de quem os colhe. Embora o imediatismo do ser humano dificulte vê-los sob outro ângulo, eles são valiosos aliados em nossa tarefa de aprimorar a autodisciplina e a prudência, estas virtudes essenciais à manifestação do nosso “eu” verdadeiro.
Na compulsão de querer o máximo em tudo que deseja, o homem se condena à insatisfação, ao sofrimento, vive numa tensão constante. E aí a existência se encarrega de encaminhá-lo à aprendizagem dos seus limites. A sua solidão, antes oculta pelas distorções da sua auto-imagem, ganha proporções assustadoras. É a dor cumprindo o seu papel de mestra antiga.
Tenho encontrado pessoas cuja sensibilidade e poder de reflexão enredaram-nas num estado de inadequação à realidade comum. Mostraram-se solitárias e, muitas vezes, amargam um isolamento interior característico de uma mente mais ocupada com pensamentos negativos, com fatos que lhes comprovam que “antes as coisas eram ruins, depois foram piorando”.
Para esses pessimistas, gosto de lembrar que a mente.... mente, engana, trai. Que adora reinar em cabeças solitárias que rejeitam a convivência, na ilusão de guiarem personalidades especiais, muito acima do anonimato social.
Ao ver que tudo na natureza está inter-relacionado, e que é justamente esta interdependência que assegura os ciclos da vida, concluo que a solidão mais parece uma grande invenção do ser humano, dividido entre a razão e a intuição, a mente e o corpo, a ciência e a fé, o céu e a terra, o ódio e o amor...
Mas se somos solidários porque, no fundo, somos solitários, então já é tempo de trocarmos a solidão pela solicitude. E preenchermos o vazio do isolamento com o nobre gesto de ser solícito, ofertando ao próximo atenção, boa vontade, dedicação, gentileza. Quem sabe, pelo menos assim deverá sobrar menos tempo para ser solitário.
Receba um abraço fraterno deste peregrino-aprendiz, cujo estado de soledade, faz-me visualizar a plenitude do Amor... . Pois que, o deus que habita em mim, saúda o deus que habita em você... agora sei, porque te amo... .
NAMASTÊ!
Adonai.
Por Ronaldo Adonai
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