RELEMBRANDO CHICO

relembrando Chico Xavier

Ele está sem paletó e seu gesto mais constante é enfiar as mãos pelas mangas opostas da camisa e ficar acariciando os músculos do braço, ombro e o começo das costas. Os braços gordos, roliços, peludos se movimentam em gestos suaves. Os dedos são curtos; e o polegar, gordo, curvadinho e com a unha aparadinha, é o polegar mais indicado que eu já vi para ser exposto diante dos alunos de belas-artes em lição de desenho. Quem desenhar o polegar mais certinho, desenhou o polegar de Chico Xavier.

Caso sobre caso, risada sobre risada, Chico confirma um episódio de que eu tinha notícia. (A interpretação desse episódio, conforme seja feita por um espírita ou por um psiquiatra, principalmente tendo em vista seu eletroencefalograma, dá uma medida do "fenômeno Chico Xavier".)

O caso se deu numa fazenda do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, onde ele era escriturário. Chico estava numa sala, com mais um colega, escrevendo normalmente, quando seu companheiro percebeu nele um rito de dor, contrações, palidez e desfalecimento. Correu em seu auxílio, chamou gente, logo, foi providenciando um médico.

- Eu estava trabalhando, quando vi entrarem dois espíritos perturbados, que já vinham há vários dias me fazendo ameaças. Um deles estava armado de revólver e, depois de me dirigir vários desaforos, disse que ia me matar. Dito e feito: apertou o gatilho e a bala atingiu meu ombro, mas só de raspão, porque eu ainda tive tempo de desviar o corpo. Meu companheiro não viu nem ouviu nada, mas tanto o tiro foi real, que eu fiquei oito dias com o ombro dolorido.

Chico não deixa passar um caso desses sem um salzinho de humor:

- Você falou que veio um médico? Que médico, Zé Hamilton!... Chamaram foi um veterinário mesmo...

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